terça-feira, 27 de maio de 2014

DISCO NA ÍNTEGRA - 12 FAIXAS


Gravado e mixado por Cezinha Oliveira, masterizado por Mário Gil - Estúdio Dançapé, SP.

Link para ouvir no SPOTIFY:

https://open.spotify.com/album/6i1hNPvTBz0UoDUfeg1S28


01 - Ao menos (Fábio Carvalho/Pedro Nathan)


O que faz pesar, pesar os cotovelos
Até não poder, poder assim contê-los
Não há de ser apenas minha ou sua
Tristeza, que hoje ao menos toma as ruas

Há mesmo quem se diga abandonado
Aliás, é o que se ouve em todo lado
E a dor, contudo tão particular
Ao menos, é domínio popular

Ao menos não se acabe a batucada
Ao menos, que no mais não sobra nada
Embora reste ao menos dos mortais seu valor
Me valho do meu samba no penhor

Se em lágrimas há muito de suor
E lástimas de um mundo bem pior
Com determinações estruturais
Ao menos, livre é o pranto aqui sem mais

É quando o desespero nos assalta
E faz pedir asilo em botequim
Se a solidariedade está em falta
Ao menos, nos avisa o Joaquim


Voz: Pedro Nathan
Violão e voz: Fábio Carvalho
Violão 7 cordas: Marco Bertaglia
Tantam, tamborim e pandeiro: Jorginho Cebion
Ganzá, reo-reco e cuíca: Bré

02 - Salário e carinho (Fábio Carvalho/Pedro Nathan)


Ai, quem me dera, meu senhor
Só sobreviver de amor
Se bem que se fosse salário
O carinho que eu ganho já seria
Quase a mesma mixaria

Porém, quando havia paz em nosso lar
Eu tinha o sorriso dela em meu olhar
Assim, minha vida mais valia
Já meu mínimo ordenado
Nem triplicado me daria alforria


Voz: Pedro Nathan e Fábio Carvalho
Violão: Paulinho Grassmann
Violão 7 cordas: Marco Bertaglia
Prato e faca e pandeiro: Barão do Pandeiro
Tantam, tamborim e ganzá: Jorginho Cebion
Assovio: Cezinha Oliveira

03 - Quando a gente canta (Pedro Nathan/Fábio Carvalho)


Quando a gente canta
Ao toque desta marcação
A gente embarca na história
E puxa em nossa memória
A marcante embarcação

No porão, o berro abafado
Foi cadenciado no escuro
Na levada do mar
A murmurar um futuro

Quando a gente canta
Bem no tempo dessa cadência
A gente, então, contempla o legado
E soma nosso brado
Às afrodescendências

Na senzala, a prece ocultada
Foi marcada pela cicatriz
Na pele escura do couro
Criadouro dessa raiz

Quando a gente canta
No pulsar desse compasso
A gente, assim, impulsiona a cultura
Mesmo se não é escura
A pele desse braço

Na favela, a voz erguida
Foi sentida por quem soube ouvir
A mistura da saudade
Com a liberdade ainda por vir


Voz: Pedro Nathan e Fábio Carvalho
Violão 8 cordas, tamborim de vassourinha, reco-reco, caxixi, atabaque, agogô, vocal e arranjo: Léo Nascimento

04 - Canção testemunha (Fábio Carvalho/Pedro Nathan)


Quis assim compor
Sambas, por compor
Mas no meu bordão
Já não basta amor

Quis assim também
Cantar bem mais além
Mas o céu do chão
Sempre foi refém

E a dor que este samba vem depor
Já traz em si o tom de lá
No tom daqui e dó não há
Cá pra nós
Só mesmo a pena a pagar
Tendo apenas nossa voz

E até, toda nota será ré
Perante à miséria de cá
De fato aqui, canção não há
Nem fá-sol
Com tanta sombra
Se faz necessário ser farol


Voz: Fernanda de Paula
Violão: Paulinho Grassmann
Baixo: Cezinha Oliveira
Conga, surdo, pandeiro, ganzá e tamborim: Bré

05 - Só resta chorar (Pedro Nathan/Fábio Carvalho)


Foi numa roda de choro criado
Vendo um casal requebrar
Flauta, viola, cavaco assanhado
E o velho ophicleide a soprar

Ele nasceu como dança
Em polcas viradas se deu
O vira e revira pegou do batuque
E assim o maxixe nasceu!

E foi perseguido na praça
Na raça não mudou de cor
Saiu pelos cantos com tantos amigos
E até um amor encontrou

Nas mãos de Chiquinha Gonzaga virou
Melodias que o tempo deixou para trás
Hoje só resta chorar
E lembrar quem chorou
Não só nos recitais
O seu passo ficou
Pra cumprir ideais


Voz e pandeiro: Barão do Pandeiro
Violão e cavaquinho: Paulinho Grassmann
Clarone e flauta: Dado
Coro: Stella Oliveira, Rosana Leite

06 - Sina de poeta (Fábio Carvalho/Pedro Nathan)

Deus me livre ser poeta
Pra sentir a dor do mundo
Preferia a linha reta
Sem dilemas tão profundos

Na verdade, tal ofício
Não se escolhe simplesmente
Seja vocação ou vício
Traz sequela permanente

Mesmo sendo amargurado
Com razão nessa lambança
O poeta é condenado
A cantar a esperança

Ademais, está fadado
A viver do amor alheio
Sem o seu concretizado
Segue atrás do que não veio

E da insurreição tardia
Que hoje é só melancolia
Pra quem ousa conspirar

Nos poetas, afinal
Não há vida pessoal
Nem há dor particular


Voz, violão e arranjo: Mauricio Sant’Anna
Cavaquinho: Paulinho Grassmann
Flauta e bandolim: Pratinha Saraiva
Pandeiro: Mauro Salles

07 - Independente se é carnaval (Pedro Nathan/Fábio Carvalho)



Não vou querer saber
De conta nem patrão
Um dia desses não tem mais perdão
As ruas vão se encher
Isso vai ser normal
Independente se é carnaval
Porque o povo já dança, afinal
Independente se é carnaval

A banda não vai mais ser ilusão, em vão
A quarta-feira não vai mais acinzentar
Ex-boias-frias vão comer, beber depois
Do estandarte na avenida anunciar


Voz: Pedro Nathan e Fábio Carvalho
Violão e baixo: Cezinha Oliveira
Bateria: Deniel Moraes
Flauta: Dado
Coro: Mauro Salles, Luiz Felipe Albuquerque, Marcelo Leme (e Malú), Lu Amaral, Ana Paula Freire e Izabel Cristina